A dupla transição digital e climática é um eixo fundamental de desenvolvimento sustentável e inclusivo. É, desde logo, um objectivo transversal a toda a Estratégia Portugal 2030, a que o país se compromete em total alinhamento com as prioridades políticas coletivamente assumidas pela União Europeia. Acelerada pela crise pandémica, a transição digital em curso compreende a transformação, formação, inclusão e promoção da literacia digital nos diversos setores da sociedade portuguesa. E é desse desígnio estratégico, antes de mais, que parte a necessidade de repensar a comunicação entre o Estado e os cidadãos.
Grande parte da comunicação do Estado já acontece em ambiente digital. Dos maiores serviços públicos - Autoridade Tributária, Segurança Social, Serviço Nacional de Saúde - às entidades que todos os dias dão informações úteis aos cidadãos - como a meteorologia ou o trânsito na estrada -, tudo está disponível nos sites e nas redes oficiais da República Portuguesa.
Essa mudança, que passou por uma aceleração vertiginosa, vai ao encontro da expectativa natural dos cidadãos, que esperam que o Estado ofereça a mesma agilidade e facilidade de acesso que qualquer empresa ou entidade privada.
É neste cenário que se enquadra a necessidade de repensar a identidade visual do Governo, que não era sujeita a qualquer alteração de fundo há mais de 12 anos. Ou seja, desde antes da utilização massificada de redes sociais, da generalização dos smartphones e da proliferação de todo o tipo de serviços digitais.
Apesar dos muitos esforços para manter a anterior marca neste novo contexto, a sua complexidade formal (soma de cores e elementos constitutivos) reduzia drasticamente a eficiência em ecrã, comprometia o uso em pequenos formatos e dificultava todas as possibilidades de animação.
A imagem que este Manual apresenta, desenvolvida no primeiro semestre de 2023, responde a todos esses problemas. Foi projetada para ser mais dinâmica e operativa em ambiente digital, integrando todos os elementos gráficos necessários para ser aplicada a qualquer escala e em qualquer suporte.
Inevitavelmente, o logótipo é o elemento mais importante dessa transformação. Para a sua criação, a cargo do Studio Eduardo Aires, do Porto - um dos mais conceituados estúdios de design no plano nacional e internacional - além da referida adaptabilidade ao contexto digital foi fundamental defender a integridade dos símbolos nacionais.
Na procura de atender a estes desafios, a concepção desta nova identidade visual assume, pois, quatro objetivos estratégicos:
1. Acelerar a transição digital
Pensada para funcionar de maneira uniforme, reconhecível e fluida através de todas as plataformas de comunicação, a nova identidade visual do Governo da República Portuguesa procura capacitar e potenciar a transição digital em curso. Foi projectada de raiz para ser mais dinâmica e operativa em ambiente digital, desde logo, integrando em si a possibilidade dos elementos gráficos serem geradores de movimento.
2. Contribuir para a transição verde
Ao ser especialmente projectada para o ambiente digital, a nova identidade visual do Governo da República reduz também o impacto ambiental associado aos suportes físicos e seus processos produtivos. A sua adopção tem, por isso, de ser necessariamente progressiva e admitir um período de transição, em que conviverá com a presença da antiga imagem em alguns suportes físicos. Pretende-se assim esgotar todos os materiais já produzidos, combatendo o desperdício e evitando custos financeiros e ambientais desnecessários.
3. Promover a prestação de contas
A nova identidade visual do Governo da República pretende ser pedra angular de uma comunicação mais ágil, compreensiva e direta ao cidadão. Uma comunicação que promova a transparência da ação governativa, favorecendo a prestação de contas e empoderando os cidadãos para o envolvimento cívico, independentemente da sua faixa etária, condição socioeconómica ou distribuição no território.
4. Valorizar os serviços públicos
Para responder aos desafios contemporâneos aqui enumerados, a comunicação do Estado com os cidadãos deve assumir o desafio estratégico de ser sempre transparente e acessível. Nesse sentido, a nova identidade do Governo da República pretende consolidar o processo de organização e visibilidade das áreas de governação e apostar na valorização dos serviços públicos, favorecendo a compreensão da sua actividade, promovendo a sua acessibilidade e aproximando-as do cidadão.
Outro elemento central na estratégia de modernização da identidade visual do Governo da República Portuguesa é a criação de uma nova fonte tipográfica. É nela que, em grande medida, assenta o esforço para conseguir uma identidade visual comum e facilmente reconhecível, que promova uma maior coesão da comunicação directa com o cidadão. Mas a nova fonte é, sobretudo, uma resposta à necessidade urgente de oferecer maior segurança às plataformas de comunicação do Estado e a toda a informação nelas constante.
Até agora, o Governo e demais entidades da Administração Pública utilizavam fontes de uso comum de diversas origens, incluindo software comercial e open source. Esse procedimento, além de não permitir a construção de uma identidade comum, acarreta riscos reputacionais, nomeadamente os originados por eventuais descontinuidades nas fontes originais. A nova fonte é propriedade do Estado e será de utilização livre. O seu nome é “Portuguesa” e foi desenhada por Dino dos Santos.